As geleiras da Islândia e seu papel nas mudanças climáticas

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Lago Glacial na Islândia
Lagoa Glaciar na geleira onde foi gravado o filme Interestelar na Islândia.

A Islândia, conhecida como a “terra do gelo e do fogo”, abriga algumas das geleiras mais icônicas e estudadas do mundo. Além disso, essas massas de gelo não apenas moldam as paisagens dramáticas do país, mas também desempenham um papel crucial na regulação do clima global, no ciclo da água e na estabilidade ambiental.

De um lado, sua presença é essencial para o equilíbrio ecológico. De outro, à medida que as mudanças climáticas avançam, as geleiras estão desaparecendo em um ritmo alarmante. Como consequência desse processo, elas vêm se tornando, cada vez mais, um símbolo evidente da crise climática que o planeta enfrenta. Portanto, compreender e proteger essas formações é fundamental para o futuro do meio ambiente.

Entenda como as geleiras da Islândia influenciam o clima global e por que seu derretimento é um alerta sobre as mudanças climáticas.

Geleiras islandesas

Geleira na Islândia
As geleiras da Islândia além de influenciarem no clima global geram paisagem indescritíveis.

As geleiras cobrem cerca de 11% do território islandês — aproximadamente 11.000 km², segundo o Icelandic Meteorological Office (IMO). Entre as mais conhecidas, destacam-se:

  • Vatnajökull – a maior geleira da Europa em volume e área, cobre cerca de 8% do país. Abriga vários vulcões sob o gelo e é parte do Parque Nacional Vatnajökull, Patrimônio Mundial da UNESCO.
  • Langjökull – a segunda maior da Islândia, famosa por seus túneis de gelo artificiais acessíveis ao público.
  • Hofsjökull – localizada no interior do país, é tanto uma geleira quanto um vulcão subglacial ativo.
  • Mýrdalsjökull – cobre o poderoso vulcão Katla e está situada ao sul da Islândia.
  • Eyjafjallajökull – mundialmente conhecida após a erupção de 2010, que interrompeu o tráfego aéreo europeu.
  • Snæfellsjökull – uma geleira-vulcão que inspirou Júlio Verne em Viagem ao Centro da Terra, localizada na península de Snæfellsnes.

Dados recentes: derretimento acelerado

Nas últimas décadas, as geleiras da Islândia vêm enfrentando um processo de derretimento acelerado, impulsionado principalmente pelas mudanças climáticas globais. Segundo dados recentes do Icelandic Meteorological Office (IMO) e do Instituto de Ciências da Terra da Universidade da Islândia, a perda de massa glacial está se intensificando a um ritmo alarmante, especialmente desde o início do século XXI.

De acordo com estudos atualizados, a Islândia perdeu cerca de 750 km² de cobertura glacial desde o ano 2000, o que equivale à área de toda a cidade de Nova York. Além disso, a maioria das geleiras do país está perdendo em média 0,5 a 1 metro de espessura por ano, o que tem implicações profundas tanto a nível local quanto global.

Com base nesses dados, estudos mostram que:

  • O volume de gelo perdido de 1995 a 2019 equivale a 7% da massa total das geleiras da Islândia
  • A elevação média do nível do mar global associada ao derretimento das geleiras islandesas é de 0,03 mm por ano
  • A temperatura média anual na Islândia aumentou cerca de 1,4°C desde 1970

O caso mais emblemático é o da geleira Okjökull, que perdeu sua massa crítica em 2014 e se tornou a primeira geleira oficialmente “extinta” do país. Em 2019, uma placa foi instalada em sua homenagem, com os dizeres:

“Uma carta para o futuro. Ok é o primeiro glaciar islandês a perder seu status de geleira. Nos próximos 200 anos, todos os nossos glaciares seguirão o mesmo caminho. Este monumento é para reconhecer que sabemos o que está acontecendo e o que precisa ser feito. Só você saberá se fizemos.”

Lago Glacial na Islândia
Lago Glaciar na Islândia.

O papel das geleiras no sistema climático

As geleiras refletem até 90% da luz solar (efeito albedo), ajudando a manter as temperaturas baixas. Com o derretimento, a superfície absorve mais calor e acelera o aquecimento global, um efeito em cadeia perigoso.

Além disso, como consequência direta das mudanças climáticas, o derretimento:

  • Afeta a disponibilidade de água doce
  • Desencadeia atividade vulcânica ao diminuir a pressão sobre os vulcões subglaciais
  • Modifica ecossistemas locais e afeta a fauna que depende do gelo

Consequências do Derretimento

O derretimento acelerado das geleiras islandesas tem gerado uma série de impactos profundos e interconectados, que vão muito além da transformação da paisagem. À medida que essas massas de gelo desaparecem, uma cadeia de efeitos ambientais, geológicos, sociais e econômicos se intensifica, tanto local quanto globalmente.

1. Elevação do Nível do Mar
Uma das consequências mais alarmantes é a contribuição direta para a elevação do nível do mar. Embora a Islândia represente uma fração do volume total de gelo do planeta, o derretimento de suas geleiras, somado ao das calotas polares e das geleiras continentais, está ajudando a elevar os oceanos. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), esse aumento pode colocar milhões de pessoas em risco de inundações costeiras nas próximas décadas.

2. Alterações nos Rios Glaciais e na Hidrologia
As geleiras alimentam grande parte dos rios islandeses. Com o derretimento, há um aumento temporário no fluxo de água, mas a longo prazo, a tendência é de redução do volume dos rios, especialmente durante o verão. Isso impacta a geração de energia hidrelétrica — uma fonte essencial na matriz energética da Islândia — e os ecossistemas aquáticos, que dependem do equilíbrio entre derretimento e abastecimento natural.

3. Instabilidade Geológica e Aumento da Atividade Vulcânica
Curiosamente, o desaparecimento das geleiras pode aumentar a atividade vulcânica e sísmica na Islândia. Isso ocorre porque, à medida que o gelo derrete, a pressão exercida sobre a crosta terrestre diminui, o que pode facilitar o movimento do magma e até antecipar erupções vulcânicas. Esse fenômeno, chamado de rebound isostático, já está sendo monitorado por geólogos islandeses.

4. Impactos nos Ecossistemas e na Biodiversidade
O recuo das geleiras modifica drasticamente o ambiente ao seu redor. Espécies adaptadas ao frio extremo perdem seu habitat, enquanto vegetações pioneiras começam a colonizar áreas recém-expostas. Isso altera o equilíbrio ecológico, criando sistemas instáveis e imprevisíveis, com risco de extinção de espécies especializadas e introdução de outras invasoras.

5. Perda de Patrimônio Natural e Cultural
As geleiras são parte integrante da identidade islandesa. Elas inspiram lendas, alimentam a imaginação artística e impulsionam o turismo. Seu desaparecimento representa também uma perda cultural e emocional. Para muitos, ver uma geleira encolher ou desaparecer é como testemunhar o fim de uma era.

6. Impactos Econômicos
O turismo glacial é uma das principais atrações da Islândia. Com o derretimento, algumas áreas tornam-se perigosas, inacessíveis ou simplesmente deixam de existir. Isso afeta diretamente empregos, operadoras de turismo, comunidades locais e a economia nacional.

As consequências do derretimento das geleiras vão muito além da Islândia. Elas são um reflexo visível das mudanças globais em curso. Proteger as geleiras não é apenas preservar paisagens geladas, é cuidar do equilíbrio climático e ecológico do planeta. Ações de mitigação, como a redução das emissões de carbono, e adaptação, como a gestão de recursos hídricos e zonas costeiras, são urgentes e indispensáveis.

Responsabilidade climática e turismo consciente: a atuação da Terra Adentro Expedições

Viajantes em um Lago Glacial na Islândia
Lago Glacial na Islândia

A Terra Adentro Expedições reconhece que operar em ambientes tão frágeis como o Ártico exige responsabilidade. Por esse motivo, promovemos viagens que educam, impactam positivamente e preservam.

Nossas ações incluem:

  • Uso de transporte otimizado com compensação de carbono
  • Grupos reduzidos, de modo a minimizar o impacto ambiental
  • Roteiros que evitam a sobrecarga turística em áreas vulneráveis
  • Apoio a projetos e guias locais que respeitam as normas ambientais
  • Informação constante aos viajantes sobre o impacto das mudanças climáticas

Além disso, em nossas expedições pela Islândia, os participantes são convidados a refletir sobre o futuro do planeta, principalmente diante da realidade visível do recuo glacial. Dessa forma, ver um glaciar encolher ano após ano inevitavelmente transforma a forma como se enxerga o consumo, o turismo e o papel individual na crise climática.

Junte-se a quem faz a diferença

Henrique Fonseca em um  Lago Glacial na Islândia
Henrique Fonseca em um Lago Glacial na Islândia

Viajar para a Islândia é mais do que admirar paisagens: é uma oportunidade de se conectar com a natureza de forma profunda e autêntica. Entre vulcões, geleiras, campos de lava e auroras boreais, cada cenário convida à presença, ao silêncio e à contemplação.

Nossas expedições são pensadas para quem busca mais do que um destino, buscamos proporcionar experiências que despertam o olhar atento, o respeito pelos ritmos da Terra e o encantamento pelas forças naturais que moldam esse território singular. A Islândia nos lembra do essencial: o quanto ainda há para ver, sentir e preservar.

Nós, como uma agência especialista em viagens pelo Ártico e na busca pela Aurora Boreal, oferecemos grupos durante toda a temporada de aurora. Além disso, estamos prontos para ajudar você a vivenciar essa experiência única, explorando paisagens geladas e caçando as deslumbrantes luzes do norte.

Prepare-se para uma jornada inesquecível que vai conectar você com a beleza e a força da natureza islandesa. Que tal embarcar nessa aventura com a gente? Clique aqui para mais informações sobre nossas expedições e descubra como você pode participar desta experiência única e memorável.

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Expedição Islândia

Uma incrível expedição na ilha do fogo e do gelo com busca à Aurora Boreal em outubro e novembro de 2025!